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O dia em que os Correios quase me matam de vergonha

20/04/2014

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Ricardo Mota

 

O escritor Antônio Torres, além de um mestre das palavras, é o que se pode chamar de homem gentil e cordial, um tipo cada vez mais escasso.

Entrevistei o autor de Um taxi para Viena d’Áustria e Essa Terra, dois clássicos da literatura brasileira – com tradução em vários idiomas – há alguns anos, já nem me lembro bem.

Desde então, tenho sido alvo de suas delicadezas, coisas que vão se tornando raras e caras: envia-me os livros que lança, algumas matérias sobre o seu trabalho, enfim, dá sinais vitais da sua generosa formação.

Eis que na última terça-feira, dia 15 de abril, recebo um envelope da Academia Brasileira de Letras com um convite: novo membro da ABL, Antônio Torres tomaria posse na cadeira que conquistou por méritos.

Tomaria, não – tomou. Sim, porque a solenidade para a qual fui convidado, ainda que não pudesse ir, ocorreu no dia 9 de abril, seis dias antes de ter em mãos o tal convite.

Irritado, leio a data em que foi postada no correio a correspondência: 28 de março de 2014, na Agência Itaipava, em Petrópolis. É o que está no carimbo.

Os Correios, portanto, impediram que um filho de telegrafistas – meu pai trabalhou na empresa por 36 anos – pudesse dar uma demonstração de que havia recebido uma boa educação, enviando-lhe um telegrama de congratulações e agradecimento.

Coisa simples, mas que revela urbanidade.

Infelizmente não pude fazê-lo e tive de amargar minha vergonha.

Os Correios vivem sua fase de desmoralização e destruição, esperando que em breve se agreguem à empresa a Petrobras, a Eletrobras, o IPEA, o IBGE.

Ante o silêncio cúmplice das grandes centrais sindicais, hoje alimentadas por centenas de milhões de reais dos impostos que pagamos.

Conto aqui esta mágoa na esperança de que alguém – um amigo, um parente – diga ao escritor Antônio Torres que em Alagoas mora também a gratidão.

(E, cá para nós: de que adiantaria ter enviado um telegrama, se não chegaria a tempo?)

 

Fonte:

 

http://blog.tnh1.ne10.uol.com.br/ricardomota/2014/04/19/o-dia-em-que-os-correios-quase-me-matam-de-vergonha/

 


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