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Ser obrigado a votar no “menos pior” é o que merecemos?

29/09/2014

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“O passado te condenas”: candidatos que já foram condenados, presos ou são réus de processos ligados à improbidade administrativa, corrupção, compra de votos e lavagem de dinheiro, entre outros, são eliminados da minha lista de candidatos imediatamente. Os que renunciaram mandato por conta de escândalos, políticos “ficha-suja” e os inelegíveis também são considerados “carta fora do baralho”.


“Diga-me com quem tu andas que eu direi quem tu és”: contra muitos candidatos não há nada em concreto, mas possuem suplentes ou vices com históricos que vão de frente com o que esperamos de nossos representantes. Em outros casos, políticos condenados por crimes ligados à má administração, inelegíveis e/ou “ficha-suja” apoiam estes candidatos “de bem” e são parte de sua coligação. Com auxílio de tanta gente mau caráter, como vou esperar que faça um governo comprometido com a ética e a honestidade?


“Contraiu dívida terá de pagar”: esse é o caso das campanhas milionárias financiadas por investidores que esperam muita coisa em troca. Como disse anteriormente, “quem paga a banda escolhe a música”. Não quero ser obrigado a ouvir “Lepo lepo” pelos próximos quatro anos. Quanto mais cara é a campanha do candidato, mais ele terá de fazer por seus financiadores. Não podemos dividir essa conta com eles. Votar em quem está comprometido a governar pelos “supereleitores” é colocar uma corda em seu próprio pescoço.


“Prometem fazer até o que não é de sua competência”: nesse imenso Brasil o que mais tem é postulante a deputado prometendo construir escola, hospital e colocar a polícia nas ruas. Vão até julgar com seriedade os crimes e colocar bandido na cadeia. Candidatos que misturam as atribuições dos três poderes só podem se encaixar em uma das seguintes hipóteses: a) não sabem as atribuições do cargo pelo qual concorrem ou b) acreditam que o eleitor não saiba e tentam tirar vantagem da ignorância alheia.


“Vai mudar o país (ou estado) de cabo a rabo”: muitos são os que prometem mudar tudo, fazer uma gigantesca revolução. Estes não têm o meu apoio porque a evolução se faz por meio da continuidade. Se cada político eleito pretender começar do zero e fazer as coisas do seu jeito não teremos progresso.


Processo eleitoral brasileiro: um sistema que precisa de reformas urgentes

1 ) “Quem paga a banda escolhe a música”: para ser eleito é preciso ter uma pomposa arrecadação de fundos para campanha. Este montante financeiro vem de grandes empresas que, literalmente, investem em candidatos. O retorno é gigantesco e se dá de diversas maneiras. Segundo o ilustre professor Luiz Flávio Gomes, esse dinheiro volta para os financiadores de campanha por meio de “emendas parlamentares, convênios fraudulentos, licitações com cartas marcadas, empréstimos com juros baixos etc. Fundamental também é o direcionamento da produção legislativa. Somente as leis que eles querem são aprovadas (nisso existe bastante fidelidade dos parlamentares e governantes). Outro ponto relevante: dentro do Congresso fazem de tudo para proteger essas empresas doadoras de eventuais investigações. De todo esse dinheiro que sai dos cofres públicos para os “doadores”, boa parcela fica como propina nas contas dos políticos (para a construção dos “fundos de campanha”).”

Assim, conforme o eminente jurista, existem eleitores e supereleitores. E é para os grandes empresários – supereleitores – que o governo irá trabalhar. Com isso, os interesses populares estarão em último posto no planejamento dos governos. Situação lamentável que traz irreparáveis danos à sociedade.

2 ) O tempo de TV prejudica o eleitor e a democracia: as ideias deveriam estar em primeiro plano nas campanhas políticas. Mas a desigualdade no tempo dado aos partidos político permite que os privilegiados toquem jingles; coloquem artistas, especialistas nos mais diversos temas e outros políticos para falar - e pedir o seu voto -; falam de todas as suas propostas, explicadas de forma minuciosa; contam a “bela” história do candidato; e ainda mostram os defeitos e contradições da oposição. Já os partidos que não gozam dessa vantagem temporal, se vêm limitados à, muitas vezes, dizer apenas nome, número e principal objetivo de cada político.

A democracia é afetada, uma vez que não se permite a ampla discussão de ideias, o devido contraditório e a igualdade entre os postulantes ao seu voto.

3 ) O quociente partidário é um ataque ao bom senso: entender inequivocamente a relação entre quociente partidário, quociente eleitoral, votos válidos e cadeiras na Câmara dos deputados não é tarefa das mais fáceis. Por esse motivo, a missão do eleitor de escolher seu candidato, levando em conta, entre outras razões, esse complexo cálculo não é nada simples. Para a parte da sociedade menos politizada e com menor grau de escolaridade esse tema é inacessível.

Por força deste instituto jurídico, candidatos mais votados frequentemente perdem vagas para outros com menor expressão nas urnas, tudo por conta desse maldito raciocínio. Quociente que não faz jus à realidade política do país, vez que políticos mudam de partido como mudam de carro e não seguem os ideais partidários.

No último pleito, Luciana Genro (PSOL), na época candidata à deputada federal, recebeu quase 130 mil votos e ficou sem vaga no Congresso. Já Jean Wyllys foi eleito com apenas 13 mil votos válidos. Será mesmo que “todo o poder emana do povo”?

Segundo o TER-MT, “Para chegar aos nomes dos candidatos eleitos, é preciso determinar o quociente partidário, dividindo-se a votação obtida por cada partido (votos nominais + votos na legenda) pelo quociente eleitoral. Neste caso, despreza-se a fração, qualquer que seja. O número obtido dessa divisão, desprezando as frações, é o número de deputados que ocuparão, em nome do partido/coligação, as cadeiras do Poder Legislativo. O mesmo cálculo se faz para as eleições das Câmaras Municipais. Os mais votados serão os titulares do mandato, que neste caso foram eleitos pelo quociente eleitoral”.

Com tanta regra fica difícil entender para quem, de fato, o seu voto para deputado se destina, vez que pode eleger outro candidato mais votado na coligação ou ajudar um com menos votos a ser eleito. Complicado, não é?!

 

Conclusão

 

O rol exposto no texto é meramente exemplificativo. Não visa encerrar o assunto, apenas contribuir no aprofundamento das discussões. Outros são os problemas do nosso sistema político vigente. O voto obrigatório e a forma como são realizados os debates políticos também merecem ser repensados. Da mesma forma, muitos outros motivos me fazem eliminar um candidato da minha lista de voto, como é o caso dos que só veem problemas no trabalho da oposição ou acreditam que seus mandatos foram perfeitos, além dos que fazem promessas vazias ou que apostam mais na oratória do que na retórica. Após passar por um longo processo de análise para decidir quem não merece o seu voto fica a seguinte dúvida: sobrou alguém?

 

Fonte:

http://gilbert92.jusbrasil.com.br/artigos/142022930/ser-obrigado-a-votar-no-menos-pior-e-o-que-merecemos?ref=home

 


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