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Ex-assessor do DR/RJ confessa fraude no plano de saúde

21/11/2014

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     Depoimento prestado ao Ministério Público pelo ex-assessor da diretoria dos Correios, João Maurício Gomes da Silva, a que o RJTV teve acesso nesta quarta-feira (19), o ex-funcionário denuncia um esquema de corrupção no plano de saúde da estatal. Após ser exonerado do cargo no ano passado ele fez uma delação premiada em troca de redução de pena. No depoimento, ele afirma que o então Diretor Regional dos Correios, Omar de Assis Moreira, deu sinal verde para início do esquema.

     Segundo João Maurício, o valor recebido por cada um dos integrantes do grupo era de R$15 mil, mas o valor foi diminuído nos meses seguintes. No documento, ele relata que Omar de Assis chegou a reclamar da redução.

     O ex-diretor também afirma que a última vez que entregou dinheiro a Omar foi em maio de 2013. Ele disse que um dos pagamentos foi entregue em um posto de gasolina no final da Linha Amarela, via expressa da cidade. Segundo ele, os encontros para os pagamentos ocorriam na última semana do mês ou início do mês seguinte.

 

Esquema desarticulado


     Na tarde desta quarta, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) desarticularam o esquema que havia na Gerência de Saúde dos Correios do Rio de Janeiro. Segundo o MP, entre agosto de 2011 e 2013, o prejuízo foi de mais de R$ 7 milhões aos cofres da estatal.

     Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa de Omar Moreira e no Hospital Balbino, em Olaria, na Zona Norte. Eles também estiveram na casa de outros oito envolvidos no esquema de corrupção e no Hospital Espanhol, no Centro do Rio.

     De acordo com o delegado da PF, Lorenzo Martins Pompílio da Hora, que conduziu as investigações, foram obtidos fartos elementos de prova relacionados ao esquema criminoso que causou prejuízo milionário aos Correios. "O trabalho continua com a análise do material arrecadado nesta quarta nas buscas e apreensões realizadas", afirmou.

     De acordo com as investigações, o esquema era articulado por Daniel de Melo Nunes e Carlos Alberto Alonso, que negociavam privilégios para hospitais no Rio de Janeiro (RJ), com o aval do ex-diretor dos Correios e do ex-gerente de Saúde da estatal Marcos da Silva Esteves.

     Segundo o MP, os empregados públicos permitiram a antecipação de pagamentos para esses hospitais em troca de propina. Os estabelecimentos de saúde passavam, assim, a fazer parte de uma lista de prioridades.

     João Maurício disse que 12 hospitais, dez empresas e sete pessoas se beneficiavam do esquema e que cada uma das partes chegava a receber até R$ 100 mil por mês. "Foi um erro entrar nesse esquema na qual me vi totalmente envolvido e que me levou a fazer a delação premiada por conta de estar sendo arrolado como o grande mentor e grande chefe dessa quadrilha".

     O MPF e a PF informaram que o grupo também superfaturou o pagamento de procedimentos cirúrgicos e elevou os valores das tabelas de diárias e taxas pagas a alguns hospitais, bem como pagou por serviços não prestados, que eram lançados como se fossem devoluções de valores estornados pelo plano de saúde dos Correios.

     As investigações teriam revelado diversos delitos, dentre eles, o pagamento superfaturado de uma cirurgia no valor de quase R$ 1 milhão, além de pagamentos por procedimentos que jamais foram realizados.

     O MPF ínformou que denunciou os empregados públicos Omar e Marcos, bem como Daniel de Melo Nunes, Luciano Sampaio Balbino, Paulo Maurício Fernandes de Oliveira, Arnaldo Gama Arzua Alves Barbosa, Júlio Teixeira Ramos, Carlos Alberto Alonso Filho e Nivaldo Lopes de Oliveira Neto. "A denúncia oferecida pelo MPF individualiza as condutas particulares e empregados públicos que, respectivamente, pagaram e receberam propina, desviando mais de R$ 7 milhões do plano de saúde dos Correios. O Judiciário, por cautela, já determinou o afastamento do cargo de três servidores públicos e determinou o bloqueio dos bens de todos os denunciados. As perspectivas para que os recursos desviados sejam recuperados são boas", destacou o procurador da República Sérgio Luiz Pinel Dias.

 

Diretor nega envolvimento


     Ao RJTV, por telefone, Omar de Assis Moreira disse que jamais se envolveu em irregularidades. Ele disse que avisou à polícia federal sobre as suspeitas de fraude. Omar declarou ainda que não autorizava a realização de qualquer cirurgia e que as acusações feitas na delação premiada são histórias criadas por João Maurício.

     O advogado de João Maurício informou que o seu cliente apresentou provas para cada uma das denúncias e que parte do dinheiro do esquema era enviada para Brasília.

     Em nota, os Correios afirmaram que o assunto já vem sendo apurado pela empresa, com apoio da polícia, desde 2013. Segundo a companhia, na época, foi o próprio diretor regional dos Correios no Rio de Janeiro, Omar de Assis Moreira, quem solicitou a investigação conduzida pela Polícia Federal. Atualmente, Omar está afastado por determinação judicial.

 

 

Veja o vídeo da matéria: http://globotv.globo.com/rede-globo/rjtv-2a-edicao/v/ex-funcionario-denuncia-esquema-de-corrupcao-de-plano-de-saude-dentro-dos-correios/3776739/

Ouça o áudio a respeito do assunto  no site da Agência Brasil: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2014-11/desarticulada-no-rio-de-janeiro-um-esquema-de-corrupcao-nos-correios


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