Apesar de alagoano, era conhecido como “China”. Mas os olhos puxados de Manoel Maurício não o impediram de ver com clareza a situação social do seu tempo. Formado em História e Geografia pela antiga Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele trabalhou por anos na vida acadêmica, lecionando em diversas universidades, cursos preparatórios e colégios.
Seu prazer em dar aulas transparecia na proximidade com os alunos, que o chamavam carinhosamente de “Maneco”. Um deles, o jornalista Paulo Henrique Amorim, revela em depoimento que teve Manoel Maurício como mestre desde a infância até a faculdade. Neste tempo, foi apresentado a autores como Capistrano de Abreu e Gilberto Freyre, além de personagens históricos como Simon Bolívar.
Com o AI-5, foi preso, torturado e impedido de voltar ao meio acadêmico. Porém, mesmo cerceado, não parou de disseminar suas idéias e escreveu sua principal obra Pequena História da Formação Social Brasileira, publicada apenas 1981. Manoel Maurício também é coautor do Altas Histórico Escolar.
Com passagens pela UFRJ, PUC-RJ, Instituto Rio Branco, IBGE, entre muitas outras instituições, Maneco conseguiu angariar simpatia o suficiente para que seu trabalho permanecesse vivo mesmo após sua morte. Assim, em sua homenagem, ex-alunos criaram Centro de Estudos Manoel Maurício de Albuquerque (CEMMA), o Centro Acadêmico Manoel Maurício de Albuquerque (CAMMA/UFRJ) e organizaram sua obra póstuma Mestre-Escola Bem-Amado, Historiador Maldito.
Sua coleção particular de documentos está guardada no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. No acervo, pode-se encontrar desde diários de classes até roteiros cinematográficos ou peças teatrais do autor, passando por panfletos anti-comunistas, entrevistas e fotografias. |